Bar de Alterne

«They run away from conventions that impoverish art and are committed in searching the goodness and the good. they feel responsible for an awakening, with its manifestations, of the sleeping society»

Month: Julho, 2013

Faísca

MddE2

As resoluções do amor andavam longe das manifestações circenses – Mas que amor?

Naquela noite estavam a comemorar o fim do semestre – o fim dos exames- encontrou-o algures nas escadas da sé.

Eduardo veio ter comigo a pedir-me um isqueiro. Assenti mas pedi um cigarro na volta – tinha um rosto exótico, contundente à passagem dos olhos de uma mulher. Ele sorriu, os olhos verdes brilharam num contentamento infantil que se verbalizou rapidamente – “Estás engraçada” – talvez fosse o vestido bege. Passou a mão pelo cabelo – fá-lo sempre que pondera – colocou o cigarro entre os dedos, esticou o braço – Dou-te o cigarro se saíres comigo na próxima quinta-feira.
Eduardo era o tipo que Marta pintava à terça à tarde no 4º esquerdo. Ele entrava, deixava o casaco na cadeira da sala e encontrava-a no quarto com o cabelo atado e roupa larga. Enquanto tirava a roupa ficava a olha-la, a maneira de se movimentar, de organizar os lápis e os papéis. Estava nu – Faísca, estou pronto.

Vestia-se. Ela jogava os papéis para cima da cama e sempre perguntava – queres lanchar? Não respondia. Tinha dias que se aproximava e roubava um beijo. Ficava a vê-la espernear, a franzir o sobrolho, pelo atrevimento, outros só mesmo a olhar – o cabelo a desatar-se e a cair sobre os ombros. Nas noites que se prolongavam num jantar ficava na varanda a fumar, envolvido nas labaredas de cutty sark. Ela chegava, puxava uma cadeira, punha os pés no patamar. Ficava ali – esticava a mão e mudamente pedinchava o cigarro.
Silêncio, as saudades que já sentíamos um pelo outro.
Ele rodeava-a com os braços e pousava o copo nas pernas dela.

Mas que amor?

Quando saía, pegava o casaco e beijava-lhe a testa, a bochecha, a mão, os olhos – «Ainda tenho o teu cheiro no meu casaco Faísca.»

Vem cá, vamos fumar um cigarro.

 

Foto2518  Foto2533  Foto2534

enchantée

Vespa!!

Aos amantes de Vespa. Eu.

Aguarela

Foto2475   Foto2511  Foto2512

Foto2499

Foto2508

1069205_674422n779238800_1450263544_n

«-Quero ouvir-te rir mais uma vez , meu rapazinho!
Mas ele disse:
-Esta noite vai fazer um ano. A minha estrela há-de estar precisamente por cima do lugar onde eu caí no ano passado…
(…)
À noite, não o senti partir. Escapou-se de ao pé de mim sem fazer barulho. Quando consegui apanhá-lo, ia a andar num passo rápido e decidido. Só disse:
-Ah!Estás aí…
E deu-me a mão. Mas continuava preocupado:
-Fizeste mal. Vais ter pena. Vai parecer que estou morto e não é verdade…
Eu continuava calado.
(…)
Caiu de mansinho como caem as árvores. Nem sequer fez barulho, por causa da areia.
Ora olhem para o céu e pensem: «A ovelha terá ou não comido a flor?» Vão ver como tudo muda…
E nunca nenhuma pessoa crescida há-de entender como isso é importante!»

Excerto @Le Petit Prince

Martin Usborne – The Silence of Dogs in Cars

The-Silence-of-Dogs-in-Cars-17-thumb-600x400-40505 The-Silence-of-Dogs-in-Cars-15-thumb-600x400-40520

The-Silence-of-Dogs-in-Cars-35-thumb-600x400-40539

«The Silence of Dogs in Cars

I was once left in a car at a young age. I don’t know when or where or for how long, possibly at the age of four, perhaps outside a supermarket, probably for fifteen minutes only. The details don’t matter. The point is that I wondered if anyone would come back. The fear I felt was strong: in a child’s mind it is possible to be alone forever.

Around the same age I began to feel a deep affinity with animals – in particular their plight at the hands of humans. I saw a TV documentary that included footage of a dog being put in a plastic bag and being kicked. What appalled me most was that the dog could not speak back.

I should say that I was a well-loved child and never abandoned and yet it is clear that both these experiences arose from the same place deep inside me: a fear of being alone and unheard.

When I started this project I knew the photos would be dark. In a sense, I was attempting to go back inside my car, to re-experience what I couldn’t bear as a child. What I didn’t expect was to see so many subtle reactions by the dogs: some sad, some expectant, some angry, some dejected. It was as if upon opening up a box of grey-coloured pencils I was surprised to see so many shades inside.

There is life in the darkest places inside us. »

Retirado de/ver mais em: http://www.martinusborne.com/dogs-in-cars

 

 

«à la gauche. Deux fois»

Foto2359

Foto2344

160420133121 Foto1539