É coisa de entendidos. É certo que não vem escrito nos livros, mas os entendidos dão-nos uma (des)ajuda dos diabos!
O amor é um lugar estranho. Uma pessoa vai na rua, a direito, e de repente, sem dar por isso, está-se a desviar. Depois, consoante a duração do desvio, os Doutores do amor lá nos dizem se foi paixão ou amor. Se o raciocínio do tempo falhar, ora bem, passa-se a questão aos sinais evidentes da ressaca amorosa. E nisto do amor, fala-se nos padrões típicos, ou se segue aquela linha ou pomos o nosso carácter/sentimento à mercê de interpretações subtis, pecaminosas, mas dizem eles, que sempre justas…
Que posso eu dizer do amor? Bem, leiga nestes assuntos, aquém do sentimentalismo, o amor não tem forma certa. Vai nascendo, assim como quem não deixa aviso, as pessoas vão vivendo essa coisa e sendo felizes. Cria-se um conforto, essa plenitude, que se alia ao vício de amar, ser amado, ser feliz e fazer feliz. Um dia, sentando sozinho num banco de jardim, em casa, no sofá, num qualquer sítio, de braço dado com a solidão, algures, surgirá a ideia do amor. A saudade impera. Disseram-me que é sentir falta de uma pessoa no meio de sete biliões, e acho que é aqui que se começa a falar de amor. História mais ou menos verdadeira, porque nisto do coração, não há verdade. Se a há, ela não obedece a leis ou princípios. É verdade ali, mentira acolá. Por fim, anda sempre de mãos dadas com a mentira, e se não houver doutores, entendidos, curandeiros, ou coisa que nos valha, do amor, não a tentemos perceber, cada um que a sinta. Mais, ou menos verdadeira.
O amor é um bicho – já me disseram! Especial, diferente e muito estranho, mas bicho na mesma. Primeiro afaga-nos, com as suas manhas e talento de sedução, depois leva-nos de mansinho para o seu habitat natural et voilá : alguém apaixonado; o bicho tem de se alimentar. Até aqui tudo muito bem, o pior é quando o bicho, já depois de lhe conhecermos a palma da mão, de lhe identificarmos o cheiro, sofre da doença da metamorfose. É complicado, “entra-se em desequilíbrio, não há equilíbrio que seja capaz”, as emoções afloram. Lá vêm os fisioterapeutas do amor- “Prudência e paciência e muito estímulo para que a paz triunfe”. Carpe Diem.
Abandonando a ironia, vale a pena amar, lutar sempre pela nossa estrela mesmo que isso implique lutar muito. Todas as respostas estão no coração- na cabeça, digo – de cada interveniente, cabe-nos a nós ouvir, descobrir e sentir, sem necessariamente seguir a tal linha… E ainda há quem queira perder tempo com o amor alinhado, perfeito, e sempre que eu ouço perfeito, ui, não sou doutora ou curandeira, mas desconfio sempre. Afinal, isto do amor é uma coisa de loucos, ou não fosse o amor um lugar estranho…
Laura do Carmo @Português